Infelizmente, este é um dado verdadeiro. Vários estudos foram feitos em diversos países e todos apontam para o fato de que a obesidade é fator de risco para morte por Covid.

As cirurgias bariátricas e metabólicas foram retomadas recentemente após um longo período de paralisação. Sabemos que muitos pacientes inclusive cancelaram suas cirurgias por medo de estarem em ambiente hospitalar durante uma pandemia.

Entretanto, esse artigo vem mostrar que os riscos de morte por Covid-19 são altos para pessoas com obesidade, portanto, aqui estão algumas razões para você não adiar sua cirurgia.

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Dr. Giuliano Campelo

Estudo publicado no British Medical Journal

Um estudo publicado no jornal inglês BMJ (British Medical Journal) feito por pesquisadores brasileiros da Rede CoVida, avaliou os registros de 8.848 adultos e 12.945 idosos no Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância de Gripe), do Ministério da Saúde, que notifica casos e óbitos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e covid-19.

Os pesquisadores notaram que, em todos graus de obesidade, houve mais mortes entre obesos adultos que no público geral, crescendo de acordo com a faixa de IMC:

Obesidade grau 1 – 32% (mais mortes que não obesos)

Obesidade grau 2 – 41%

Obesidade grau 3 – 77%

O IMC ainda é o índice mais utilizado

Vale ressaltar que o IMC pode levar a viés de classificação incorreta já que não faz distinção entre massa gorda e magra. Entretanto, esse índice ainda é o mais usado para calcular o excesso de gordura corporal e tem sido amplamente aplicado em estudos epidemiológicos.

Essa informação valiosíssima serve para munir e orientar o PNI (Plano Nacional de Imunizações), que hoje prevê como grupo prioritário somente as pessoas com obesidade grau 3, ou seja, todos os graus de obesidade estão em risco.

Pesquisa feita na França constatou menor necessidade de ventilação mecânica em pacientes bariátricos.

Nesse mesmo período, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica divulgou os estudos conduzidos na França, onde avaliaram 8.286 obesos hospitalizados com diagnóstico de infecção por COVID-19.

Neste grupo, 541 pessoas tinham sido submetidas à cirurgia bariátrica antes da pandemia. Os pesquisadores concluíram que em pacientes bariátricos, a necessidade de ventilação mecânica foi 33% menor e o índice de mortes 50% inferior, comprovando o efeito protetivo da cirurgia nesta população.

Outros estudos apontam ainda que a obesidade oferece 46% mais risco de contrair COVID-19, 113% mais risco de precisar de internamento hospitalar, 74% mais risco de o paciente precisar de UTI, 66% mais risco de utilizar ventilação mecânica invasiva e 48% mais risco de morte.

Restabelecimento das cirurgias pelo SUS

Esses dados foram utilizados para solicitar o restabelecimento das cirurgias bariátricas e metabólicas que haviam sido paralisadas desde o início da pandemia.

Dessa forma, tornou-se evidente que a paralisação dos serviços compromete a saúde de pacientes portadores de doenças como a obesidade e o diabetes.

A paralisação e o consequente adiamento das cirurgias poderiam resultar no aumento da morbidade e da mortalidade.

Recomendação do Conselho Federal de Medicina

Esse posicionamento é respaldado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que publicou a Recomendação Nº 1/2020 sobre a continuidade dos serviços de cirurgia bariátrica e metabólica em hospitais da rede pública e privada.

Felizmente, os hospitais e clínicas retomaram as cirurgias eletivas, muito embora a fila tenha se acumulado, estou certo de que todos os profissionais comprometidos com o bem-estar de seus pacientes, farão o máximo para restabelecer o atendimento adequadamente.

Dr. Giuliano Campelo | Cirurgião Bariátrico

Fontes de pesquisa e dados:

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/08/30/estudo-inedito-liga-risco-de-covid-grave-e-morte-a-obesos-de-todos-os-graus.htm
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