Existe relação genética entre obesidade e depressão?

Setembro é o mês de ações de prevenção ao suicídio e sabemos que a depressão tem aumentado essa triste estatística. Como obesidade e depressão andam de mãos dadas, escolhi trazer mais informação acerca da possível relação genética entre obesidade e depressão.

Primeiramente, é importante mencionar que esse assunto vem sendo estudado há décadas. Descobrir e entender a relação genética entre obesidade e depressão contribui para um diagnóstico mais apurado e tratamentos ainda mais eficazes.

Obesidade e Depressão – Dr. Giuliano Campelo

 

Entendendo melhor a depressão

A OMS define depressão como um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimento de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite.

Sendo assim, é frequente a associação entre depressão e doenças clínicas com maior destaque para as doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, renais, oncológicas e outras síndromes dolorosas crônicas.

Além disso, a depressão na adolescência é um fator de risco para obesidade na fase adulta, sendo o contrário também verdadeiro, ou seja, ter obesidade quando jovem aumenta o risco de ter depressão quando adulto.

ometem a oxigenação dos órgãos e aumentam o risco de infartos e AVCs.

 

Obesidade e depressão

A relação depressão x obesidade é observada com frequência, sendo que um quadro interfere sobre o outro simbioticamente.

Tudo está relacionado a variantes do DNA que tornam um indivíduo predisposto a ter um alto IMC (índice de massa corporal), medida internacional usada para classificar a obesidade.

Aproximadamente 30% das pessoas que procuram tratamentos para emagrecer apresentam algum grau de depressão e pesquisadores concluíram que a obesidade é fator de risco para desenvolvimento da depressão.

 

A sensação de urgência para comer doces é um indicativo de Depressão

Por outro lado, a depressão pode trazer sintomas como a necessidade imediata de obtenção de prazer, promovendo um desejo frenético por doces como chocolate, por exemplo.

Os picos de alegria provocado pelos doces podem fazer com que a pessoa queira mais e mais, desenvolvendo um quadro de obesidade.

Outro fato que levou os pesquisadores a realizarem esse estudo é que a depressão aumenta a circulação de cortisol no organismo (hormônio indicador de estresse) e ele, por sua vez, poderá induzir ao acúmulo de células de gordura na região abdominal.

Ou seja, mesmo aqueles que não estão dentro de um quadro de obesidade, podem desenvolvê-la devido aos sintomas da depressão.

Sabe-se que a melancolia profunda reduz a produção de serotonina e a noradrenalina. O resultado dessa disfunção é aquela vontade de comer carboidratos, isto é, doces, pães e massas.

 

Existe relação genética entre obesidade e depressão?

Com o objetivo de responder essa pergunta, pesquisadores da Universidade do Sul da Austrália e da Universidade de Exeter usaram dados do UK Biobank – um gigante banco de dados do Reino Unido que investiga como a predisposição genética e a exposição ambiental contribuem para o desenvolvimento de doenças.

Ele inclui mais de 500 mil pessoas, com idade entre 37 e 73 anos, que foram recrutadas entre 2006 e 2010.

Foram selecionados 48 mil homens e mulheres diagnosticados com depressão.

Os pesquisadores analisaram mais de 80 variantes genéticas ligadas à obesidade e descobriram, aquilo que já imaginávamos: todas elas estão ligadas à tristeza profunda.

 

Calculando o peso da tristeza:

Para cada aumento de 4,7 pontos no IMC, a probabilidade de ficar deprimido aumentou em 18% no geral – e em 23% entre as mulheres.

Não é possível afirmar, no entanto, se é a obesidade que causa a depressão ou o contrário, mas os pesquisadores concluem que a obesidade é, sim, um fator de risco para a depressão, que por sua vez é a maior causa de suicídios.

Nós já identificamos também que os casos de tratamento de obesidade, principalmente com cirurgia bariátrica, conseguem melhores resultados quando possuem uma abordagem integrada.

Em outras palavras, quando o paciente tem o apoio de uma equipe multidisciplinar composta por terapeuta, psicológo, nutricionista, treinador físico, endocrinologista e cirurgião bariátrico será muito mais fácil atingir seu objetivo: controle do peso com qualidade de vida.

 

Se você conhece alguém que pode se beneficiar dessa informação, compartilhe!

Dr. Giuliano Campelo | Cirurgião Bariátrico

Fontes pesquisadas:

https://super.abril.com.br/saude/existe-ligacao-genetica-entre-obesidade-e-depressao-diz-estudo/

Qual o peso da tristeza? A relação entre obesidade e depressão.